Por Felipe Azevedo*
Imagine-se na posição de um gestor de RH que, em um determinado dia, é abordado pelo CEO com as seguintes perguntas: Qual é o perfil dos funcionários que ficam mais tempo na companhia? Quais competências eles possuem que os diferenciam dos demais? Qual a projeção de contratação para os próximos três anos se pretendemos crescer 25% ao ano? Quais treinamentos realizados no último semestre trouxeram mais rentabilidade para nossa empresa? Quem são os 10 potenciais sucessores, internos e externos, do Diretor de determinada área?
E aí? Como você responderia a essas questões?
A) “Essas informações são subjetivas demais, é impossível chegar nesse nível de precisão”;
B) “Consigo levantar esses dados em alguns meses, mas terei que colocar toda a minha equipe para apurar tais informações”;
C) “Hoje mesmo disponibilizo um dashboard para que explore essas análises e informações”.
Sua resposta pode determinar o nível de maturidade da sua empresa no uso de ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA), Machine Learning e People Analytics.
Essas metodologias e tecnologias combinadas tendem a reduzir muito as decisões baseadas somente em “feeling”, geralmente subjetivas. Também vão dar mais agilidade à gestão de pessoas, principalmente, no que tange à entrega de análises e insights que podem impactar os rumos do negócio através de melhores (e no tempo adequado) decisões sobre pessoas. Além disso, vão fechar alguns postos de trabalho e criar muitos outros, que exigirão conhecimento e competên¬cias diferenciadas, tanto do RH quanto dos demais líderes e colaboradores.
Mas, afinal, o que é a IA? Inteligência Artificial é o ramo da ciência da computação que elabora sistemas com a capacidade de raciocinar, mapear, tomar decisões e resolver problemas de forma “inteligente”. Ou seja, essas soluções conseguem aprender com dados externos e com o comportamento do próprio usuário e aumentar a capacidade de decisão do ser humano. Por meio de “Machine Learning”, que é o aprendizado adquirido pela máquina, a tecnologia evoluiu para o reconhecimento de padrões que estão presentes em Analytics, robôs e outras aplicações.
Como tudo isso se aplica ao dia a dia do RH? Por exemplo, com o uso dos chatbots é possível automatizar tarefas corriqueiras, como a solicitação de férias, que agora pode ser feita via WhatsApp diretamente com um “robô”, que responde de forma instantânea ao colaborador e já executa os procedimentos na folha de pagamento respeitando todas as políticas da empresa.
Também é possível identificar a IA nas soluções de Analytics, que através da avaliação de dados históricos, conseguem prever comportamentos e tendências ou fazer análises preditivas, indicando o que “irá acontecer”, ou até mesmo “prescritivas”, que respondem à pergunta “como fazer acontecer?”.
E o que essas novas tecnologias trazem de resultado para a gestão de pessoas? Mais produtividade, agilidade e redução de custos para as empresas, que podem direcionar seus profissionais para funções mais estratégicas, nas quais o tempo e os recursos serão mais bem utilizados. Além disso, melhora a diversidade no ambiente de trabalho e o desenvolvimento da meritocracia de forma mais “científica”, baseada em fatos e dados. Afinal, a ideia sempre foi que as pessoas fossem avaliadas pelo resultado que produzem e não por quem conhecem ou se relacionam, não é verdade? Por tudo isso, vejo um grande potencial nessas tecnologias e aconselho as companhias a darem o primeiro passo nessa direção o quanto antes, pois é um caminho sem volta.
Felipe Azevedo é Vice-presidente da LG lugar de gente. É especialista em Serious Games e Plataformas de Gestão de Talentos com mais de 17 anos de experiência em projetos de business games e tecnologia aplicados ao RH. Formado em Sistemas da Informação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), com MBA pela Business School São Paulo (BSP) e certificado em Big Data pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
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