Ainda que estejamos atravessando o que nomeamos de a Quarta Revolução Industrial, ou seja, a Revolução Tecnológica impulsionada pela Internet Industrial, muitas empresas brasileiras ainda caminham a passos lentos na implementação dessas tecnologias disruptivas. Foi o que levantou a pesquisa da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), realizada com 84 indústrias manufatureiras no período de março a julho deste ano. Das empresas entrevistadas, 92% possuem mais de 100 funcionários.
A pesquisa realizada pela ABII mostra que 45% não têm intenção de implementar algum projeto de IIoT. Sendo que 65% não possuem nenhum programa em andamento e apenas 29% conhecem a tecnologia e como ela pode aumentar a competividade da indústria. O estudo apurou que 35% das empresas ainda desenvolvem projetos internos de apresentação da IIoT ou automatização de máquinas.
Quando questionados sobre os desafios para a implementação de projetos de IIoT, os entrevistados – sendo 63% em posição de gerência e diretoria – destacaram a dificuldade de comprovação de ROI (Retorno sobre o Investimento) e a cultura conservadora como os principais entraves. Estes dois obstáculos juntos representam mais de 41% das respostas obtidas. A área de atuação dos entrevistados é em TI e Produção, representando 69% do total dos participantes.
Porém, quando perguntados sobre a intenção de implementar uma arquitetura de IIoT em sua operação, 48% disseram que não possuem nenhum projeto para o momento atual, mas o desejo de implementar a tecnologia ainda neste ano é de 19% dos entrevistados e sobe para 23% para 2018.
É possível observar ainda que, embora seja necessário trabalhar mais na difusão do conceito de internet industrial para que se concretize nas empresas, 51% das organizações estão interessadas no assunto e possuem planos para desenvolver projetos de IIoT.
Mesmo em um cenário econômico que limita a expansão de faturamento, muitas empresas estão buscando melhorar sua eficiência produtiva para aumentar a rentabilidade do volume de faturamento linear ou em queda. Dentre estas, a redução de custo é o principal motivador para implementar um projeto de IIoT para 37% dos entrevistados, seguido do aumento da vantagem competitiva (29%) e aumento de faturamento e de qualidade (25%).
No Brasil, o mercado de Internet Industrial das Coisas (IIoT) movimentou US$ 1,35 bilhão em 2016, sendo que a indústria automotiva e as verticais de manufatura foram as mais relevantes, de acordo com estudo da Frost & Sullivan. No entanto, poucos fabricantes estão prontos para essa transformação, e o ritmo em que eles progridem em direção à produção inteligente pode variar muito.
Potencial da Internet Industrial
Com grande potencial de transformação, especialistas estimam este mercado movimentará cerca de US$ 15 trilhões nos próximos 15 anos, promovendo ganhos consideráveis de eficiência e produtividade, atuando também na redução de custos, consumo energético e desperdício de materiais.
A Transformação Digital engloba tecnologias emergentes como inteligência artificial, nuvem, analytics, robótica avançada e internet das coisas. A aplicação isolada ou combinada destas tecnologias está criando novos modelos de negócio e tornando outros obsoletos – é neste contexto que avança a Internet Industrial -, conectando equipamentos e máquinas que operavam isoladamente e gerando grande volume de dados em tempo real.
O tratamento dessa massa de dados por softwares de análise gera informações capazes de criar ganhos de eficiência e vantagens competitivas acentuadas para as empresas de diversos setores, como manufatura, transporte, geração de energia e cuidados com a saúde.
“Já estamos na era da Internet Industrial, que une análise computacional, máquinas inteligentes e processos avançados às pessoas, tudo conectado entre si. O desafio do Brasil é transpor os obstáculos que aceleram essa implementação”, afirma o presidente da ABII, José Rizzo Hahn. “A pesquisa mostra claramente que a IIoT vem ganhando força no mercado, no entanto, o país ainda não está totalmente preparado para os impactos das transformações. As empresas, aos poucos, estão otimizando seus processos e buscam alcançar maior eficiência com as tecnologias disponíveis”, conclui.
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