A Internet das Coisas Relevantes

O professor e o lenhador
Alguns anos atrás, o chefe do Departamento de Engenharia Industrial da Universidade de Yale disse: “Se eu tivesse apenas uma hora para resolver um problema, gastaria até dois terços dessa hora tentando definir qual era o problema.”1 Na mesma linha, perguntaram para um lenhador: “O que você faria se tivesse apenas cinco minutos para cortar uma árvore?” Ele respondeu: “Eu gastaria dois minutos e meio afiando meu machado.”

Independente do seu setor ou tarefa, é importante estar preparado, definir cuidadosamente seus objetivos e selecionar as ferramentas necessárias para alcançá-los. Infelizmente, esta lição é muitas vezes esquecida nos projetos de Internet das Coisas (IoT). Levadas pelo fascínio ou compreensão incorreta do conceito de IoT, pelo medo de ser deixado para trás pelos concorrentes, ou ainda pela pressão para oferecer algo novo, as empresas com frequência se precipitam em seus projetos de IoT, sem definir claramente seus objetivos, suas propostas de valor ou a adequação das ferramentas. O resultado é uma alta taxa de falhas nos projetos de IoT e desilusão entre os clientes.

Parte do problema é que o nome ‘Internet das Coisas’ é equivocado e enganoso. Originalmente, tinha como finalidade descrever um ecossistema de máquinas interconectadas, mas depois assumiu o significado de conectar todos os dispositivos à internet. O objetivo geral da IoT não é a conectar todos os dispositivos de uma empresa, nem conectar todos os dispositivos à internet. Os dispositivos de IoT são recebedores de contextos e dados, e somente as
informações e dispositivos relevantes devem ser consideradas. Como determinar se uma informação é ou não é relevante? A relevância é estabelecida por uma cadeia que engloba os objetivos estratégicos da empresa e os objetivos de negócios definidos para alcançar os objetivos estratégicos, que são chamados pelo Gartner de “momentos de negócios” – oportunidades temporárias relacionadas ao cliente que podem ser exploradas de forma dinâmica.4 Um momento do negócio é o ponto de convergência entre os objetivos estratégicos da empresa e os contextos e dados relevantes de IoT (Figura 1) que, quando devidamente explorado, mudará positivamente o comportamento, a atitude e/ou o sentimento de um cliente.
Os momentos de negócios devem ser cuidadosamente orquestrados pela empresa, mesmo que pareçam espontâneos
para o cliente. O sucesso se baseia em uma segunda cadeia que envolve desde contextos e dados de IoT relevantes até a arquitetura de IoT que os acessa e os leva a um momento de negócio desejado. Se a cadeia for mal executada, por exemplo, porque a arquitetura de IoT não consegue extrair informações relevantes, então o momento de negócios pode passar sem resultados ou até gerar sentimentos negativos em detrimento dos objetivos estratégicos.

E assim voltamos para o caso do professor e lenhador. A primeira ordem dos negócios em qualquer projeto de IoT é
identificar os objetivos estratégicos dos negócios a serem alcançados. Esses devem fluir em uma série de objetivos
específicos que dependem de momentos de negócios bemsucedidos. A arquitetura de IoT é a ferramenta com a qual os contextos e dados de IoT relevantes são extraídos e explorados para reorientar o comportamento, as atitudes e
as ações do cliente em favor dos objetivos estratégicos. Os objetivos estratégicos e os objetivos de negócios informam a arquitetura e aos dispositivos relevantes de IoT que devem ser explorados, e não o contrário. Ainda faltam soluções de IoT que atraiam os olhos ou que se promovam sozinhas.

Construção de pontes
Construir uma ponte entre os objetivos de negócios e a arquitetura de IoT necessária para alcançá-los pode ser
muito difícil sem uma estrutura para guiar o processo. As partes interessadas de diferentes unidades de negócios
podem ter que desistir de suas agendas individuais para se alinharem aos objetivos corporativos. Novos níveis de
colaboração serão necessários nos departamentos de administração, produto, engenharia, TI e operações.

Projetos e tecnologias podem ser abandonados em favor de alternativas mais relevantes. E relacionamentos antigos com fornecedores podem ser colocados de lado para dar espaço a novos fornecedores de soluções mais pertinentes.
O ciclo de valor de IoT (Figura 2) fornece esta estrutura, desmembrando os objetivos de negócios em quatro
elementos primários: visibilidade, segurança, inovação e rentabilidade. Os dois primeiros estão associados à
infraestrutura de IoT que extrai contextos e dados relevantes para os objetivos estratégicos e objetivos de negócios. Os dois últimos definem os momentos de negócios que alavancam esses contextos e dados. O alinhamento bem-sucedido das partes interessadas com a definição e implementação destes quatro elementos garante que as soluções de IoT considerem os momentos de negócios desejados e atendam aos objetivos de negócios que as orientam.
A visibilidade responde à pergunta “Estou totalmente conectado?”, e pode ser obtida por meio da interface com todos os dispositivos, máquinas e outras fontes de contextos e dados relacionados a processos, negócios e clientes relevantes. A infraestrutura que permite essa implementação varia conforme a aplicação. Uma aplicação automotiva pode exigir telemática celular, um sistema de controle de supervisão e aquisição de dados pode precisar de uma LAN e malha sem fio, ao passo que uma plataforma de petróleo offshore pode exigir uma infraestrutura de rede wi-fi à prova de explosão de Classe 1 e Divisão 1.

Independente da localização física dos dispositivos relevantes, precisamos garantir que vemos e usamos somente
dados confiáveis de fontes confiáveis. De forma apropriada, os dados de IoT devem ser protegidos e controlados, tanto em movimento como em repouso, durante os seus ciclos de vida. Dispositivos, sistemas operacionais, BIOSs e
infraestruturas devem ser protegidos de violações de pessoas internas ou externas. As pessoas que instalam e fazem
manutenção das soluções de IoT e ferramentas envolvidas também precisam ser administradas com segurança. A
garantia dos aplicativos e sistemas é necessária para assegurar a funcionalidade sem interrupções, e uma governança apropriada sobre o uso de dados deve ser continuamente aplicada. A confiança é momentânea porque o cenário de cibersegurança está em constante evolução. A pergunta “Estou totalmente protegido?” deve, portanto, ser feita a todo momento ao longo da vida de um projeto de IoT para garantir a adoção das proteções mais recentes.

A visibilidade e a segurança informam a arquitetura de IoT necessária para chegar às fontes de dados, garantir a
confiança e controlar o ciclo de vida das informações extraídas. Desta forma, elas definem a segunda camada da
Hierarquia Estratégica de IoT. A base da Hierarquia Estratégica de IoT é onde temos que alinhar a acessibilidade e a confiança aos contextos e dados relevantes gerados e mantidos pelos dispositivos de IoT. A exploração desnecessária de cada dispositivo sem considerar sua relevância é dispendiosa em vários aspectos: o custo do dispositivo aumenta
ao adicionar a conectividade, a ampliação da visibilidade e segurança envolve muito trabalho e capital, os dados extraídos precisam ser processados e armazenados e os recursos são consumidos separando trigo do joio. As diretrizes que determinam a relevância e nos ajudam a definir dispositivos de IoT específicos se referem aos elementos de rentabilidade e produtividade. Rentabilidade é alcançada com aumento de receita e/ou redução de custos com um melhor serviço aos clientes, com produtos e serviços que atendam às suas necessidades e mudanças positivas nos comportamentos e atitudes em relação ao negócio. A pergunta “Estou totalmente inovando?” questiona como oferecer excelência de serviço, engajamento com clientes, diferenciação competitiva, como simplificar interações, aumentar a lealdade, validar o desempenho do produto e monetizar serviços.

Produtividade, o quarto e último elemento do Ciclo de Valor de IoT, está baseado na capacitação de bens humanos e de capital para trabalhar da forma mais eficiente possível. Isso pode ser atingido maximizando o tempo de atividade,
minimizando as interrupções, Figura 3: Ponte entre objetivos de negócios e arquitetura e contextos/dados de IoT
simplificando os processos de vendas e suporte, gerenciando de forma mais eficiente os clientes e funcionários, otimizando o uso de ativos e a produtividade dos processos e se tornando mais responsivo às solicitações e mudanças. A pergunta “Estou totalmente explorando o conhecimento?” se refere a como os contextos e dados de IoT podem ser explorados para melhorar a eficiência. A aplicação dos elementos de visibilidade, segurança, rentabilidade
e produtividade é diferente para cada cliente, pois não existe uma solução de IoT única, mesmo dentro de um setor vertical específico.

Pequenas diferenças nos objetivos estratégicos e de negócios de uma empresa podem adequar a solução para alcançá-los. Embora seja interessante verificar o que os concorrentes estão fazendo, suas soluções podem não ser relevantes se os seus objetivos estratégicos e de negócios e momentos de negócios não coincidem com os deles. Seguir cegamente a liderança de um concorrente pode não ser um curso de ação prudente. Você pode unir os objetivos e a arquitetura aplicando o Ciclo de Valor de IoT na Hierarquia Estratégica de IoT (Figura 3). Os elementos de rentabilidade e produtividade identificam fontes relevantes de contextos e dados, e os elementos de visibilidade e
segurança informam a arquitetura e a infraestrutura necessárias para explorar essas fontes. A melhor maneira de visualizar a ponte é pelo exemplo. Mais à frente, vamos considerar os cenários de diferentes mercados verticais, começando com o varejo, mas primeiro faremos uma discussão cautelosa sobre segurança.

O primeiro passo da jornada de transformação da IoT
As ferramentas de IoT devem ser expansíveis para que sirvam como uma plataforma e atendam aos futuros
objetivos de negócios. Nos três casos discutidos acima, as soluções Aruba e UIoT são expansíveis para atender a uma
ampla variedade de casos de uso. Os desafios técnicos associados à ponte entre os objetivos de negócios e a arquitetura de IoT podem ser mais superados de uma forma mais fácil do que os obstáculos políticos para alcançar o alinhamento em uma organização. Agendas e projetos em andamento podem levar a diferentes interpretações dos objetivos estratégicos ou objetivos de negócios, desafiando outros grupos a se alinharem às suas interpretações. As partes interessadas das diferentes unidades de negócio podem disputar o controle dos projetos e agendas, ameaçando o apoio ou financiamento se a sua visão em particular não for implementada. Alcançar novos níveis de colaboração necessários nas organizações de gerenciamento, produto, engenharia, TI e operações pode exigir a intervenção de uma terceira parte neutra. Para isso, a organização de Consultoria de Serviços Técnicos da HPE criou um workshop sobre IoT para ajudar a definir uma visão unificada para os projetos de IoT, criar alinhamento com as principais partes interessadas e identificar objetivos estratégicos e vitórias rápidas. Para mais informações, consulte
https://www.hpe.com/h20195/v2/GetPDF.aspx/4AA6-7269ENW.pdf.

Conclusão
O objetivo geral da IoT é convergir os objetivos estratégicos da empresa com os contextos e dados relevantes de IoT para oferecer momentos de negócios bem-sucedidos. Um momento de negócios bem-sucedido deve ser cuidadosamente orquestrado para explorar de forma dinâmica as oportunidades momentâneas relacionadas ao
cliente, e o contexto e os dados de IoT têm um papel fundamental a desempenhar na mudança positiva dos comportamentos, atitudes e/ou sentimentos de um cliente em relação à empresa. A cadeia que se estende os contextos e dados relevantes de IoT via arquitetura de IoT deve ser bem executada. Este material mostrou como fazer uma ponte entre os elementos da hierarquia de IoT, extrair contextos e dados relevantes dos dispositivos de IoT e, em seguida, implementar uma arquitetura apropriada para usá-los. A preparação cuidadosa, a definição objetiva e a seleção de ferramentas trarão grandes resultados se forem acompanhadas do alinhamento organizacional nos objetivos estratégicos e de negócios. Assim que entrar em vigor, até mesmo os objetivos de negócios mais complexos podem ser alcançados.