As moedas criptografadas estão em alta, liderada pelas Bitcoins, mas segundo especialistas, ainda é incerto o futuro desse tipo de investimento. O Banco Central, inclusive, divulgou recentemente um comunicado para alertar a população sobre os riscos de comprar e manter moedas virtuais com finalidade especulativa, alertando que não há garantias de qualquer autoridade monetária para conversão das criptomoedas em moedas soberanas, como real ou dólar.
Paralelamente a esse cenário de incerteza financeira, outras questões cercam o assunto: a segurança dos dados e informações de empresas e pessoas físicas e a infraestrutura necessária para manutenção da operação virtual. Segundo o sócio-fundador da Adamos Tecnologia, Roberto Stern, a atenção, necessariamente, precisa se voltar para o consumo excessivo de energia utilizada para minerar as moedas digitais. Se todas as máquinas ligadas ao “blockchain” do Bitcoin fossem um país, esta nação fictícia ocuparia o 61º lugar em consumo de energia elétrica no mundo. “É descomunal e uma estupidez despender tanta energia para processar uma simples transação”, critica Stern, que atua há mais de 21 anos no mercado de TI.
A exemplo, toda a mineração de Bitcoin no mundo consome um total de 29,05 TWh (Terawatt-hora) de eletricidade anualmente, o que equivale a 29 bilhões de kwh (quilowatt/hora). Segundo o especialista, minerar já gasta mais energia do que a consumida em países como Irlanda, Croácia, Uruguai e Equador. Na África, apenas três países consomem mais: África do Sul e Argélia. Na lista, o Brasil, por seu turno, aparece ocupando a oitava posição no ranking dos países que mais gastam energia no mundo.
“Caso a taxa se mantenha nesse nível, a expectativa é de que até o início de 2019, as criptomoedas estejam utilizando a energia equivalente ao nível de consumo da Inglaterra. Em 2020, se não houver algum de tipo de regulamentação, toda a energia mundial existente poderá ser esgotada no processo de produção das moedas virtuais”, alerta Stern.
O especialista afirma ainda que se a mineração de Bitcoins superar a fase “bolha”, evoluir e se estabelecer como uma operação economicamente viável, os desenvolvedores do Bitcoin terão de encontrar outra forma de validar as transações, pois o método de força bruta baseada no “Proof of Work” (PoW -prova de trabalho) é totalmente ineficiente do ponto de vista energético, pois a cada transação exige diversos “mineradoes” que concorrem para ver quem acerta antes um cálculo matemático complexo, gerando trilhões de tentativas e e erros, até que se obtenha a prova de trabalho válida. Neste formato, portanto, é insustentável.
Já os governantes mundiais, alerta Stern, terão que tomar decisões para administrar outros dois agravantes que surgem em virtude da atividade de mineração: o aumento de poluição e a elitização da energia (com a alta da demanda, o preço se elevará). “Em um mundo que vem adotando medidas para o consumo consciente de matérias-primas e a diminuição de poluentes, em prol da sustentabilidade, é primordial se debruçar, desde já, sobre o custo da mineração das moedas que, vale lembrar, é realizada, na maioria dos casos, em grandes centros de processamento dedicados a tal operação.
A fase de mineração caseira com computadores pessoais já passou. Hoje, a maior parte da mineração é feita por equipamentos especialmente dedicados em grandes operações dedicadas a tal e a grande maioria está localizada na China, onde a energia é barata e subsidiada, porém baseada em queima de carvão”, afirma Stern.
Adicionalmente, o executivo afirma que, esse alto custo da energia elétrica, num futuro se apresentará, como um aspecto restritivo à produção das próprias moedas virtuais caso o modelo do PoW e a competição entre os “mineradores” não seja substituído por outro. “O processamento de “blockchain” como está hoje é totalmente insustentável do ponto de vista ecológico e energético e precisa ser repensado, muito embora a iminência de um blackout ainda esteja fora do horizonte no curto prazo, a médio e longo prazo é muito preocupante por todos esses aspectos apresentados”, finaliza, Stern.
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