Em uma época de rápidas mudanças de tecnologia e quebra de paradigmas, como identificamos ou nos tornamos bons profissionais de TI? Algumas décadas atrás, um profissional de TI aprendia uma tecnologia e conseguia usá-la por anos, destacando-se e usando esse conhecimento como fonte principal de renda. Hoje com a agilidade e evolução continua, se estudarmos um assunto complexo e extenso temos grande chance de ficarmos obsoletos antes mesmo de aplicar esse novo conhecimento: Fim das “Bíblias de TI”, que libertação! … O que fazer então? Como fazemos para acompanhar tudo isso? É possível ainda ser um bom profissional de TI nesse cenário? Tenho certeza que sim, e entendo que as duas chaves do sucesso são: investir em conhecimento e ser um profissional resiliente.
“Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros”
A frase acima foi eternizada por Benjamin Franklin muitos anos atrás e deve ser uma inspiração para todos, mesmo que hoje estejamos vivendo um mundo de inovação e quebras constantes de paradigmas. Mas onde investir? Em qual assunto? Eu responderia essas duas questões com a frase que todo físico adora: “depende do referencial” (risos).
Explico: Toda profissão possui conhecimentos básicos e fundamentais, que todos os profissionais devem saber para poder exercer bem a função e tomar as melhores decisões. É esse conhecimento que você deve investir. Eu chamo isso de alicerces fundamentais do conhecimento. Por exemplo, eu sou desenvolvedor de software e na minha profissão é necessário que eu tenha conhecimento em Orientação a Objetos. A tecnologia que aplica isso (Java ou .NET) é importante claro, mas ela com certeza muda muito rápido e se eu não tiver o conceitual bem definido, com certeza não vou conseguir acompanhar a evolução tecnológica.
Certa vez um colaborador da minha equipe me perguntou: “Daniel estou pensando em fazer um MBA com ênfase em Micro Serviços com Java”. De cara eu já não gostei do curso, pois o próprio nome nos leva a entender que a especialização estava mais preocupada com a tecnologia, e não com o conceito. De qualquer maneira fui ver com o colaborador o programa do curso, e para comprovar minha tese não tinha nenhuma matéria sobre conceito de Micro Serviços ou algo do gênero. Tinha sim Java 1, 2, 3, o que a principio não qualificava o aluno a aprender a essência do assunto principal: Micro Serviços. Evidentemente que aconselhei o colaborador a escolher outro curso.
Por isso, invista nos alicerces fundamentais do conhecimento da sua profissão. Isso vai com certeza te preparar para entender e executar o seu trabalho corretamente, mesmo que a tecnologia mude, e ela vai mudar, você estará apto para entender e utilizar esse conhecimento para gerar valor. Cursos, eventos presenciais/online e até especializações ajudam muito.
Não reme contra a maré, aprenda a nadar diferente: seja resiliente
Uma coisa é certa nos dias de hoje: as coisas vão mudar, você querendo ou não. Tradições são constantemente quebradas por inovações.
Veja o exemplo do Uber: uma ideia nova e moderna mudou um mercado inteiro. Imagino que os taxistas não estão felizes com isso, assim como as grandes redes de hotelaria não devem estar satisfeitas com o aplicativo Airbnb. Os taxistas e hotéis que me perdoem, mas esses aplicativos focam 100% na necessidade e satisfação dos clientes, por isso que quebram paradigmas, criam novas e excluem profissões antigas. E isso deve ser aplicado individualmente nas nossas profissões também.
O processo de mudança pode ser doloroso, mas a resistência pode piorar. Em uma das ultimas vezes que peguei um táxi o motorista reclamou do Uber a viagem inteira. Fiquei comovido em escutar o depoimento dele, que me dizia que o táxi era seu único bem. Quando sugeri que ele também trabalhasse com Uber ele ficou bem irritado e mudou de assunto. Sinceramente não vejo nenhum outro caminho senão aceitar e adaptar-se a nova realidade, ou seja, ser resiliente nesse caso.
Aceite e procure preparar-se para as mudanças. Utilize as redes sociais para analisar as tendências e mantenha-se antenado. Sempre quando algo novo surge, novas oportunidades também aparecem. O mais importante é não ficar preso em paradigmas que podem ser ultrapassados a qualquer momento por uma nova ideia.
Tempo ainda temos. O que não podemos é ficar perdendo tempo
Acredito que todo mundo ouve ou fala a frase “Eu não tenho mais tempo”, “Falta tempo para fazer isso, ou aquilo” não é mesmo?
Pois bem, isso é realmente um mal que nos assombra hoje em dia. Fato que antigamente, antes da internet e novas tecnologias, tínhamos mais tempo porque não tinha muito coisa para fazer. Não existiam redes sociais, TV a cabo era cara, enciclopédia Barsa era um bem valioso, e telefone declarávamos no Imposto de Renda (que absurdo, meu deus!). Tudo isso mudou, claro (ufa!). Mas mesmo tendo tudo isso disponível, quando nos propomos a algo importante conseguimos uma dedicação razoável em um assunto correto?
Se ainda ficar difícil priorizar, sugiro uma reflexão utilizando a lei de Pareto (ou principio 80/20) criada por Vilfredo Pareto, que diz que 80% das consequências vem de 20% das causas. Trazendo para algo mais aplicável, se analisarmos como gastamos nosso tempo provavelmente veremos que 20% das nossas atividades gastam 80% do nosso tempo. Deixar de ver o Facebook, jogar videogame ou assistir depois aquela serie no Netflix é realmente essencial? Investir em reduzir essas atividades custosas, os 20%, provavelmente acharemos um tempo adicional para dedicação em algo produtivo que gere valor em nossas vidas.
Essa dedicação, esse tempo que você “achou” devem ser investidos em conhecimento, e/ou na sua resiliência para uma mudança brusca ou prestes a acontecer.
Certamente nossos antepassados não tinham esses problemas, e nossos filhos e netos terão outros problemas que não conseguimos nem imaginar. O mais bonito nessa historia é que podemos assistir e viver tudo isso de forma muito mais intensa agora.
Outro dia ouvi a frase “A internet e a tecnologia vieram para resolver problemas que não tínhamos antes”. Verdade, mas resolver esses problemas é tão estimulante que não conseguimos parar de pensar e atuar nisso.
*Daniel D’Angelo R. Barros é gestor e desenvolvedor de software por mais de 2 décadas, trabalhou em multinacionais como Votorantim, Royal Bank of Scotland e Solera. Atualmente é blogueiro e dedica-se a projetos de software Cloud e DevOps
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