As empresas brasileiras estão em processo acelerado de digitalização, porém ainda esbarram em questões burocráticas, falta de segurança jurídica e complexidade tributária. Para o presidente da ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), Francisco Camargo, embora o País esteja frente a um avanço tecnológico, essas barreiras impactam diretamente a competitividade das empresas de software.
“O Brasil tem vocação para TI e, embora tenha problemas na educação, ganha em criatividade”, afirmou o executivo na abertura da conferência anual da ABES, realizada nesta segunda-feira (18/9) em São Paulo.
Segundo o panorama do setor de 2016, a retração do mercado, iniciada em 2015, ainda persiste. No ano passado, segundo a ABES, o setor de software cresceu somente 0,2%. Já o setor de serviços, cresceu 2%, e o segmento de software e serviço, 1,2%. O mercado total de TI no Brasil movimentou, em 2016, US$ 38,5bilhões.
A falta de segurança jurídica, segundo Camargo, decorre do excesso de regulamentação local. “Desde 1988, a Constituição recebeu mais de 200 mil regulamentações complementares só do governo federal. Nos três níveis de governo foram mais de 5 milhões”, destaca o executivo. A complexidade tributária também é um desafio, mas é a segurança o ponto mais crítico.
“Em breve, milhões de objetos estarão conectados, que podem ser usados pelos hackers para o mal”, diz o executivo ao citar um recente caso de recall de uma marca de marca-passos. “Felizmente o recall foi realizado para os softwares dos equipamentos, mas carros e até aviões são alvos potenciais”, frisa o executivo.
Tendências
Segundo dados da associação, o mercado de TIC no Brasil deve crescer cerca de 2,5% em 2017, tendo um avanço de 5,7% da TI impulsionada por negócios fechados principalmente no segundo semestre. Segundo a associação, os investimentos em segurança serão retomados. “Agora é preciso colocar em a casa em ordem antes de partir para projetos de inovação ou transformacionais”, diz o estudo.
O período, ainda segundo o levantamento da ABES, também marcará o início do setor de IoT no País e terá Analytics ganhando escala com capacidade embarcada e tecnologia cognitiva em destaque.
No quesito Cloud, a ABES prevê que as empresas já têm disseminado o conceito e estão mais amadurecidas na adoção. Enquanto a previsão mundial é de 18,2% de crescimento, no Brasil o índice é de 20%. A dúvida que paira, neste caso, é de que workload deve ser contratado. “Até 201, os ambientes multicloud predominarão nas organizações eu avançarem para a nuvem, correspondendo a 85% do total”, aponta o estudo.
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