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Redes de comunicação: a espinha dorsal das smart grids

Redes de comunicação: a espinha dorsal das smart grids

Por Ulisses Souza*

No Brasil e no mundo, o crescimento da população e as facilidades da vida moderna e seus gadgets, eletroeletrônicos, produção industrial etc. tornam a eletricidade artigo de primeira necessidade. Por aqui, a escassez de chuvas novamente vai pesar no bolso dos consumidores, com a bandeira tarifária vermelha, que acrescenta R$ 3,00 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, valendo em agosto. No mês passado, a bandeira era amarela.

E a situação se complica, em terras brasileiras, uma vez que a geração de energia é predominantemente hidrelétrica. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel – (de julho de 2017) dão conta que 61,48% da geração de eletricidade são provenientes de matriz hídrica. Todos ainda se lembram da forte seca que assolou o país em 2014 e das implicações dela na produção de energia.

O cenário, sem dúvida, enseja medidas e tecnologias que reduzam desperdício e diversifiquem as fontes de energia, especialmente as renováveis. As smart grids ou redes inteligentes na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica são muito importantes para evoluirmos nessa questão. Elas utilizam um conjunto de tecnologias avançadas que vão de ferramentas de analytics para interpretar os dados do sistema elétrico e gestão eficaz dos ativos; geração distribuída; eficiência energética; armazenamento de energia; medidores eletrônicos, micro geração distribuída, veículos elétricos, internet das coisas, entre outras.

As redes de comunicação são pré-requisito para implantar soluções de gestão, integrar sistemas corporativos das concessionárias, como o billing para cobrança, plataformas de gestão (ERP) e a tecnologia de informação geográfica GIS. Além do Analytics e Big Data. A eficácia da implementação está diretamente ligada à expertise do integrador e aos sistemas utilizados, o que requer estudo por parte dos distribuidores de eletricidade. São essas redes que identificam falhas instantaneamente, disponibilizam informações sobre os motivos e a previsão de retorno da energia e as corrigem. Algumas vezes a correção pode ser feita remotamente.

Sabemos que, hoje, a energia segue uma via de mão única: das concessionárias para o consumidor. Nas redes inteligentes será possível ter uma forma bidirecional, não apenas de energia como também de informações. Com a integração de medidores eletrônicos inteligentes será possível a interação distribuidora x residência, em tempo real, o que permite que ambas acompanhem remotamente como e quanto é o consumo, o que é ótimo para antecipar a ocorrência de problemas.

Painéis solares nas casas das pessoas, já bastante difundidos, poderão suprir as necessidades do consumidor e permitir o fornecimento da energia sobressalente, integrando-a ao sistema elétrico. Sensores instalados nas redes elétricas poderão fazer a medição de consumo remotamente; detectar problemas e enviar alertas. O alto grau de automação vai permitir ao cliente, no futuro, ligar e desligar aparelhos em casa remotamente, com a Internet das Coisas.

Vale lembrar que o custo da energia elétrica no Brasil é um dos mais caros do mundo, 46% superior à média internacional, com R$ 402,26 por MW-h, segundo a Firjan – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. O País é o sexto maior em consumo. Perde apenas para a Índia com R$ 596,96; Itália R$ 536,14, Singapura, com R$ 459,38, Colômbia, R$ 414,10, República Tcheca, com R$ 408,91.

Todo o planeta precisa de desenvolvimento sustentável. Agora mais do que nunca. A evolução das redes de energia, com a inclusão da comunicação, vai possibilitar consumo consciente e também utilizações mais econômicas como o abastecimento de carros elétricos; semáforos inteligentes, iluminação e controle de lixo, o que contribui com a redução das emissões de gases de efeito estufa que o sistema elétrico brasileiro causa.

O que se prevê é que o montante de investimentos no setor será gigantesco. O relatório NEO (New Energy Outlook) da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) estima que, até 2040, mais de dez trilhões de dólares sejam investidos em tecnologias de geração de energia. As tendências, segundo o estudo, são: expansão de energia solar e eólica; queda de 66% no preço dos painéis fotovoltaicos residenciais; queda no custo de energia onshore e offshore; diminuição de geração por termelétricas; liderança de investimentos da China e da Índia; sistemas de armazenamento e baterias; veículos elétricos e a demanda por novas fontes e pico de emissão de CO2 em 2026.

 

É esperar para ver.

 

* Ulisses Souza é o diretor da unidade de valor da Alcateia, tradicional distribuidora de informática.

 


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