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A ascensão do mercado de impressão 3D

Mais do que prototipagem, as aplicações de impressão 3D vêm tomando linhas de produções e promete revolucionar principalmente o mercado da saúde. Com isso, abre-se uma oportunidade não somente para fabricantes, mas também para canais e revendas especializadas
A ascensão do mercado de impressão 3D

Em processo de popularização e amplo desenvolvimento no Brasil, a tecnologia de impressão 3D deve movimentar mundialmente cerca de US$ 35,4 bilhões até 2020, segundo dados da IDC. Isso representa mais do que a metade do previsto para 2016. De acordo com Sérgio Teixeira, analista do mercado de impressão na IDC Brasil, há uma abrangência de fabricantes, o que tende a se consolidar nos próximos anos. “Assim como em outros mercados, a tendência é ter 3 a 4 grandes fabricantes de impressoras 3D, mas atualmente existe uma variedade grande de empresas direcionadas principalmente para prototipagem industrial”, avalia.

Para Anderson Soares, diretor de Território da Stratasys no Brasil, o avanço dos materiais usados nas impressoras 3D permite cada vez mais novas aplicações. “Indústria é o principal mercado que vem absorvendo mais, não na velocidade que gostaríamos, mas usando a impressão 3D como método intrínseco a produção”, pontua.

E justamente para ampliar a popularização do uso da impressão 3D que a cadeia de tecnologia tem unido forças. Recentemente, a fabricante norte americana Makerbot tem anunciado parcerias estratégicas no Brasil com distribuidores e produtores de software. É o caso da Alcateia que passa a fornecer a suas revendas e canais todo o portfólio de impressoras 3D e suprimentos da companhia.  Já com a Autodesk, mais do que ampliar presença no mercado brasileiro, o objetivo é impulsionar o uso da tecnologia.

Assim como foi feito no México, a Makerbot passa a vender os equipamentos com 1 ano de licença grátis ao software de modelagem 3D da Autodesk. “Atualmente, a Makerbot é a mais popular. Com essa parceria, esperamos aumentar o número de downloads e ampliar a comunidade de usuários”, diz Raul Arozi, especialista técnico em manufatura da Autodesk.

É senso comum que a principal barreira de popularização da impressão 3D ainda o alto investimento nos equipamentos e materiais, principalmente no contexto político e econômico do país. É por isso, que surgem alternativas como a Stratasys que possui parcerias financeiras para reduzir o investimento inicial na aquisição de uma impressora. Há ainda prestadores de serviços focados no aluguel de equipamentos sob demanda ou até mesmo indústrias que instalam um centro de impressão 3D em uma das plantas, servindo todas as unidades do negócio.

Oportunidades

Longe de ter uma impressora 3D em cada domicílio, há ainda oportunidades para a indústria. Arozi avalia que o grande potencial dessa tecnologia está na customização escalável. “É possível construir um fone de ouvido personalizado de acordo com as características e forma de cada orelha.  Todas as empresas podem se beneficiar, a questão é avaliar como a impressão 3d pode se encaixar no perfil de cada uma”, pondera. Para o futuro, o especialista acredita que devem surgir cada vez mais materiais mais avançados, técnicos e resistentes.

Segundo Teixeira, da IDC Brasil, mais de 50 % dos implantes ortopédicos serão gerados por meio da impressão 3d até 2019. É uma forma de reduzir custos cirúrgicos e aumentar precisão de próteses. “ Os canais que já são especialistas em alguma vertical devem se destacar com a impressão 3D, que dentro do mercado de harware, deve ser um dos que mais vai crescer”, complementa.

Soares, da Stratasys, também aposta na indústria médica, como potencial para os negócios de impressão 3D. “Temos soluções que reduzem custo, aumentam segurança e torna o procedimento menos invasivo. Mas apesar de promissor, é um setor tradicionalista”, avalia.

De acordo com Siron Pereira, coordenador do Fab Lab Facens, o setor automobilístico encara a impressão 3D não mais como um diferencial e, sim, uma necessidade, pois gera economias financeiras e de tempo e também possibilita a produção de peças com geometrias complexas que uma usinagem, por exemplo, não seria capaz de entregar com o mesmo custo e tempo. “Na medicina vem crescendo bastante também a utilização de biomodelos para facilitar cirurgias e já existem impressoras que imprimem biomodelos de titânio para implantes”, explica. No setor aeroespacial, as impressoras 3D de materiais metálicos, por exemplo, conseguem fabricar peças com boa resistência mecânica com menor peso, o que é essencial para redução de custos neste setor.

O estudioso acredita no potencial da impressão 3D para mudar completamente o panorama de produção de grandes indústrias e o valor do produto estaria mais concentrado no design do que na tecnologia ou no material utilizado para a produção. “Ao invés de o consumidor ir ao shopping comprar um tênis para correr, ele poderia utilizar um software para personalizar, comprar e fazer o download de um modelo 3D de um tênis, e produzi-lo utilizando uma impressora 3D em sua própria casa”, explica. Ainda em sua avaliação, existem plataformas em que é possível fazer download de modelos 3D de peças úteis no dia a dia, para serem produzidas por impressoras, o que, apesar de ainda ser baixo, pode mudar significativamente a necessidade de trocar ou enviar um produto para consertar em uma assistência técnica.

A 3D Systems também aposta no mercado brasileiro de impressão 3D. É por isso que há cerca de três anos decidiu ter uma estrutura local para dar maior suporte aos revendedores e ao mercado como um todo. Como consequência dessa aposta, hoje o Brasil tem o maior parque de impressoras 3D da América Latina, gera cerca de 100 postos de trabalho. “E foi uma decisão certeira, pois no Brasil o segmento cresceu nos últimos anos em torno de 30%, mostrando-se estar na contramão das dificuldades econômicas do país, mas ainda há um grande potencial de crescimento à ser explorado”, sinaliza Andreia Cavalli, gerente comercial da 3D Systems.

Para a executiva, as oportunidades se estendem para além das empresas que adotam a tecnologia visando a redução de custos e facilitação do processo produtivo. “Abre-se oportunidades para a revenda de equipamentos e softwares, serviços de outsourcing de impressão 3D), treinamentos, além da abertura de novos postos de trabalho. A tendência é para a utilização da impressão 3D para construção de peças para o uso final, e não apenas como modelos ou protótipos como usualmente e utilizado. Isso gerará um impacto ainda maior na cadeia produtiva, tornando-a mais simplificada, rápida, assegurando a confidencialidade de novos produtos, gerando redução custos de custos e até a otimização da cadeia logística”, analisa.

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