Há tempos a Tecnologia da Informação vem desempenhando papel primordial nos negócios e auxiliando as empresas na definição de padrões, ferramentas, sistemas e até mesmo de novos processos. A transformação digital enfrentada pelas companhias traz à tona um novo desafio: fazer com que a TI se torne TN, ou seja, Tecnologia de Negócios.
Embora o termo seja relativamente novo, essa sigla decorre de uma longa evolução tecnológica já prevista há algum tempo e que leva o mercado a compreender como a tecnologia pode incrementar os resultados de grandes companhias. Algumas delas já estão realizando a migração para esse nível na prática, utilizando conhecimento para apoiar o negócio e fazendo interface não apenas com o usuário, mas com toda a empresa.
A princípio, o discurso pode parecer repetitivo, afinal, não é de hoje que ouvimos que a TI precisar estar mais próxima do negócio. Isso é passado, assim como dizer que a TI é o negócio. Porém, a necessidade de reinventar-se digitalmente pela qual passam as empresas está fazendo com que o CIO precise sim pensar como negócio e deixe de olhar para a TI tradicional.
Obviamente que o sucesso de qualquer negócio depende de fatores como uma análise precisa de indicadores e por isso é necessário escolher a tecnologia certa para suportar a operação e ter uma boa visão de futuro. Esse é o papel do CIO. Porém, não basta ele se preocupar somente com as as ferramentas que serão adquiritas e implementadas: ele precisa avaliar de perto como os investimentos em TI impactarão no desempenho do negócio e deve ainda planejar as estratégias junto com o restante do board da empresa, traçando um caminho de crescimento contínuo e sendo parte dele.
A questão é que os CIOs ainda não compreenderam que a área de TI deve conversar de igual para igual com as demais áreas. Se avaliarmos o nível dos sistemas e informações utilizados versus o que existe para a TI e traçarmos um paralelo, seria o mesmo que dizer que a TI está vivendo na época das planilhas, enquanto o negócio vive a era do Business Intelligence.
Enxergo que o CIO possui papel extremamente relevante diante dos desafios da transformação digital. Porém, pesquisas recentes do Gartner mostram que 80% dos CEOs têm iniciativas de modelos de negócios digitais, mas somente 70% deles têm um líder digital e, desses, apenas 20% deles são CIOs. E mais: 40% dos CEOs acham que os CIOs têm habilidades para ser o líder digital, enquanto apenas 10% deles mencionam o CIO como fonte primária de informação. Sendo assim, podemos dizer que os CEOs continuam liderando a visão dos negócios digitais, enquanto o CIO está cuidando apenas com a TI tradicional.
Por outro lado, o gestor de TI, diferente dos gestores das demais áreas da empresa, não está munido de sistemas inteligentes e automatizados que o auxiliem na identificação de comportamentos que possam colocar em risco a operação ou mesmo o negócio. O que existe, via de regra, é um mar de fornecedores, ferramentas e equipamentos que entregam apenas dados, com pouca (muitas vezes nenhuma) integração. Uma grande dúvida paira no ar: como fazer a gestão de tudo sem informações quantitativas e qualitativas referentes à performance de cada um dos recursos utilizados?
*Alexandre Paoleschi é CEO da Konics.it
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