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“Se há demanda para uma ideia é porque existe mercado”, diz Gustavo Caetano

Em entrevista à Infor Channel, o fundador e CEO da Sambatech, Gustavo Caetano, conta como a inovação e o empreendedorismo o colocaram no patamar de ser considerado o “Mark Zuckerberg brasileiro”
“Se há demanda para uma ideia é porque existe mercado”, diz Gustavo Caetano

Quando as startups ainda engatinhavam no Brasil, o jovem Gustavo Caetano via o potencial do mercado de internet e queria aproveitar a nova onda da revolução digital. Lá no ano de 2004 criou a Sambatech, que nasceu para abrigar jogos online, mas acabou virando uma plataforma on-line para a transmissão de vídeos especializada em ambientes corporativos. Embora emergente na época, o mercado de aplicativos de jogos exigia da Sambatech o uso de tecnologia de terceiros, o que fez com que Caetano olhasse para outra vertente também em vias de estourar (na época o Google estava prestes a comprar o Youtube): o mercado de vídeos online.

“Um dos mantras do Google diz que se você não falha é porque não está se movendo rápido o bastante”, Gustavo Caetano

Hoje, além da Samba Tech, o publicitário gerencia duas empresas e faz parte do board de outras três. Foi nomeado o Empreendedor de Sucesso no Brasil em 2009 pela PEGN e VISA. Considerado o melhor co-fundador pelo The Next Web em 2012, um dos 50 mais inovadores do mundo digital brasileiro pela ProXXima. Em 2014, foi eleito um dos brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos pelo MIT, além de ser considerado pela Business Insider como o “Mark Zuckerberg brasileiro”.

Com 12 anos de experiência, Gustavo Caetano é considerado uns dos empreendedores mais influentes do segmento digital, segundo o LinkedIN e a Revista GQ. Estudou inovação e criatividade no MIT (Boston), Stanford (Palo Alto), Universidade da Disney (Orlando) e Syngularity (NASA/Califórnia), onde aprendeu alguns conceitos e trouxe para aplicar em seu negócio no Brasil. A Samba Tech, pioneira na distribuição de vídeos online na América Latina, é referência no assunto e foi premiada em diversos países.

Para ele, o ambiente para o empreendedor brasileiro está melhor, com o conceito mais bem difundido. “Iniciativas como ABStartups, dispostas a contribuir com esse mercado, o que favorece o cenário”, ressalta. “Tudo muda o tempo todo. Quem entende esse movimento e se antecipa às mudanças tem grandes chances de continuar crescendo”, destaca. Leia a entrevista completa com o executivo.

Como avalia o atual cenário de empreendedorismo digital no Brasil?

Hoje, o conceito do empreendedorismo está mais difundido, existem mais oportunidades e possibilidades, com certeza. Não quer dizer que ficou mais fácil, pois as dificuldades para empreender são muitas. Eu diria que existem iniciativas, como a ABStartups, dispostas a contribuir com esse mercado, o que favorece o cenário das Startups. Em relação às tecnologias, tudo muda o tempo todo. Quem entende esse movimento e se antecipa às mudanças tem grandes chances de continuar crescendo.

O Brasil possui um dos principais ecossistemas de startups da América Latina. Que lições ou exemplos acredita que o cenário brasileiro pode passar ao mundo?

O cenário para o empreendedor brasileiro é complexo, difícil e muito instável. O recado que podemos mostrar ao mundo, é que mesmo num ambiente como o nosso, é possível empreender, ter sucesso e impactar o mundo. Se o seu negócio resolve um problema real e é capaz de gerar transformação em alguma escala, com certeza existem oportunidades para você.

Segundo o seu recente livro, “Pense Simples”, ao contrário do que a maioria pensa, empreender é simples e que o potencial inovador depende de se ser ágil e leve. Na prática, o que isso significa?

Sempre acreditei que quando se quer alguma coisa que não existe é porque tem demanda e, possivelmente, um mercado. Aprendi a enxergar problemas pequenos e buscar soluções imediatas. Um dos mantras do Google diz que se você não falha é porque não está se movendo rápido o bastante. Essa frase revela uma das principais características que um negócio deve ter: “Fail fast and cheap”. Ou seja, se existe uma maneira ideal para falhar, ela deve ser rápida e barata. Se demorar uma eternidade para colocar o seu produto no mercado e, só depois de muito investimento e desenvolvimento, descobrir que as pessoas não querem ou não precisam dele, você terá gasto muito dinheiro e frustrado as pessoas que acreditaram no seu sonho. Por isso, procure resolver os problemas de maneira simples. Só assim, você conseguirá ser ágil o suficiente para não perder o timing do mercado.

Como surgiu a ideia da Samba Tech e como ela está hoje? Quais os planos futuros?

A ideia de criar a Samba Tech surgiu quando eu aguardava um voo e tentei baixar um game para passar o tempo e não consegui. Quando cheguei em casa fiz uma pesquisa de mercado e percebi que games mobile eram tendência nos EUA e que na Europa a novidade estava “esquentando”. Decidi então apostar no mercado de games para celulares e abri a Samba Mobile. Mas o que era novidade logo foi dominada pelos concorrentes estrangeiros munidos de games licenciados e de filmes do momento.

O mesmo mercado que antes tinha só a Samba, agora tinha gigantes como EA, Eidos e Gameloft. Depois disso, decidi trabalhar em um projeto para vender jogos de computadores usando a internet. Na época (2007), fechei acordo com vários portais, mas percebi alguns meses depois que estávamos perdendo dinheiro porque ninguém tinha banda para baixar os jogos que pesavam mais de 1Gb. O modelo de negócios foi um fracasso, mas a tecnologia não.

Então mudamos nosso foco de atuação. Era necessário construir uma tecnologia própria para se diferenciar. O celular passou a ser visto como mais um device para receber conteúdo, ou seja, como meio e não como um fim. Nessa época, o Google estava prestes a comprar o YouTube. Sem muita certeza do que seria resolvemos apostar todas as nossas fichas no mercado de comunicação digital por vídeos online. Deu certo. Hoje, depois de um investimento da DFJ FIR Capital, uma parceria Global com o MIT, 6 prêmios – entre nacionais e internacionais – e mais de 300 clientes, nós somos a Plataforma de Vídeos Online líder na América Latina – mantendo, é claro, a cultura que me estimulou a montar a Samba: jovem, descontraída e inovadora.

Mais recentemente, no início do ano, lançamos o Samba Play, uma plataforma completa para venda de conteúdo em vídeo. Costumo dizer que agora, qualquer pessoa ou empresa pode ter o seu próprio Netflix, sem precisar contratar desenvolvedores ou designers. Com essa plataforma, já estamos ajudando centenas de clientes a ganhar dinheiro na internet. Sobre o futuro, estamos sempre de olhos abertos para o mercado e observando o comportamento das pessoas. Só assim, estaremos sempre prontos para fornecer uma solução inovadora.

Que conselho daria para um empreendedor iniciante?

Sempre dou dois conselhos a quem quer começar. Primeiro, tenha certeza de que o seu negócio resolve um problema real, que realmente faz a diferença para as pessoas ou empresas. E, para ter essa certeza, teste. Coloque sua ideia em prática para descobrir quais são as suas falhas e poder melhorar, sempre. Não espere pelo produto perfeito, pois quando esse dia chegar aquele mercado que você imaginava conquistar não vai mais existir.

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