Controlar em qual nuvem — privada ou pública — os aplicativos de negócios devem rodar e conseguir movê-los com facilidade para acomodá-los na infraestrutura que mais bem se adapta às necessidades. Mover a capacidade de computação para as pontas (do inglês edge computing), de forma que os dados possam ser processados e analisados localmente, nos dispositivos, reduzindo a necessidade de banda de telecomunicações entre os sensores e o datacenter central. Essas são algumas tendências que se desenham para o futuro da computação em nuvem.
Fundada em 2009, mas tendo vendido seu primeiro produto apenas em 2011, a Nutanix enxerga um futuro híbrido, mais flexível e bastante integrado para computação em nuvem. É o que a companhia sediada em San José (EUA) está chamando de multi-nuvem. Em ambientes de múltiplas nuvens, os dados e as aplicações estão dispersos em nuvens privadas e públicas, bem como ambientes de escritórios remotos e de recuperação de desastres (DR, na sigla em inglês) e casos de uso de computação na ponta (edge computing).
Sunil Potti, chefe de produto da Nutanix, foi enfático ao dizer que a nuvem que verdadeiramente existe hoje é a pública, porque proporciona uma carga de trabalho elástica, enquanto a nuvem privada está direcionada a cargas previsíveis. E é este conceito que a empresa pretende mudar, de modo a unir ambos ambientes e facilitar a gestão das nuvens por meio do sistema operacional para nuvem.
Entender como o futuro da computação em nuvem se desenha é condição primária para uma atuação bem-sucedida dos canais de distribuição e parceiros. Isto porque este mercado está, cada vez mais, direcionado para vendas consultivas e de serviços, em vez de “caixas”. Este entendimento faz com que dos 5 mil canais e distribuidores que trabalham com Nutanix apenas cerca de 250 sejam empresas bastante focadas, conforme explicou o vice-presidente de canais da Nutanix, Christopher Morgan. O VP detalha que a Nutanix trabalha com o canal mais com um papel de investidor, venture capital, e não por meio de um programa tradicional.
Morgan lembra que a computação em nuvem tem apenas aproximadamente uma década e que foi a Amazon a maior impulsionadora do modelo. “Mas eles são uma companhia de vendas diretas e para o canal, a menos que eles tenham profissionais de software construindo aplicações em cima da AWS, não é rentável”, disse. “Nós entendemos isto e, por isto, fizemos um sistema operacional, uma plataforma baseada em APIs [interfaces de programação de aplicativos]. Eles podem programar”, afirmou.
Com 254 clientes, América Latina e Caribe representam entre 3% e 5% do faturamento global. A Nutanix tem presença na região desde o fim de 2013 e, atualmente, conta com 125 parceiros, sendo aproximadamente 30 a 40 no Brasil, onde Servix e AddValue destacam-se como os principais. Leonel Oliveira, diretor para o Brasil, conta que o País começou como sendo o único a vender apenas software, devido ao alto custo de importação do hardware.
Os desafios para os canais da região têm mudado, segundo revelou Andres Hurtado, vice-presidente para América Latina. Em 2014, explicou, era introduzir um conceito, evangelizar as pessoas acerca de hiperconvergência, um conceito que iria substituir a arquitetura. “Hoje, a indústria segue a Nutanix em hiperconvergência, mas a visão final não era hiperconvergência e, sim, construir uma infraestrutura para focar nos aplicativos e fazer a infraestrutura invisível. É a camada de software que está em cima da hiperconvergência que permite ao cliente instalar as funcionalidades, os aplicativos”, detalhou o VP.
Esta mudança, reforçaram os executivos, permitirá às empresas contar com uma nuvem privada nos mesmos moldes que encontram nas nuvens públicas como AWS e Google Cloud. “Elas podem criar nuvem privada, mas tendo liberdade para ter integração com a pública. E os canais terão de aprender [a fazer isto]”, pontua Leonel Oliveira. “A grande demanda do usuário é por ter liberdade de escolha de trabalhar dentro de casa ou passear pela nuvem pública, de forma a saber qual é a mais barata”, completou.
Nova abordagem
Com o lançamento de funcionalidades de seu sistema operacional de nuvem (Enterprise Cloud OS), do Xi, que oferece infraestrutura Nutanix sob demanda como uma extensão nativa do datacenter; e do Nutanix Calm, para construir e operar uma arquitetura multi-nuvem, a empresa pretender dar nova abordagem para a nuvem híbrida. O sistema operacional permite aos clientes gerenciar seus ambientes — e em toda a plataforma de computação, armazenamento e rede —, incluindo nuvem privada (com plataformas da IBM, Dell EMC, Lenovo, Cisco e HPE) e nuvem pública via AWS, Google Cloud Platform e Azure ou usando a plataforma da Nutanix.
Em entrevista à Infor Channel, durante o evento .Next 2017, realizado em Washington (EUA), o presidente da Nutanix, Sudheesh Nair, defendeu a necessidade das empresas por flexibilidade, explicando que os clientes precisam poder optar entre comprar ou alugar a infraestrutura. “Não podemos competir com a Amazon; e não estamos tentando vender caixas ou alugá-las. Estamos entregando serviços”, pontuou, ao comentar o direcionamento da companhia para fornecer plataforma de nuvem corporativa definida por software. “Pensamos que a nuvem híbrida tem de ser invisível.”
Reconhecida por sua atuação no mercado de hiperconvergência (equipamentos que unem computação, armazenamento e virtualização), o presidente da Nutanix afirmou que este nunca foi o objetivo inicial da empresa, mas que este tipo de solução é a infraestrutura que está base de sua arquitetura. “Passamos os últimos anos construindo hiperconvergência e virtualização para o mundo moderno, porque é a base, mas os clientes querem aplicações. Hiperconvergente é a infraestrutura pela qual o armazenamento será entregue”, afirmou, acrescentando que os clientes não querem mais comprar baixas de hardware ou software.
Um dos anúncios mais comentados durante o .Next foi a aliança estratégica firmada entre a Nutanix e Google para que clientes de ambas as companhias possam implantar e gerenciar as aplicações de negócios baseadas tanto na nuvem como na infraestrutura tradicional. Na prática, o ambiente Nutanix se junta à plataforma Google Cloud Platform™ (GCP) para endereçar “oportunidades de tecnologia a fim de construir e operar nuvens híbridas que combinem arquiteturas da nuvem privada com a escalabilidade da nuvem pública”.
Ao comentar a parceria, Diane Greene, vice-presidente sênior do Google, ressaltou que a parceria entrega para os clientes o melhor dos dois mundos da nuvem. Greece também salientou a necessidade de as empresas estarem preparadas para as tecnologias que começam a despontar, tais como aprendizado de máquina e inteligência artificial, e, principalmente, e como farão a integração delas. Para a VP, APIs tornam-se necessárias para desenvolver e implantar soluções.
Além disto, Nutanix e Google concordaram em colaborar em internet das coisas para combinar inteligência em tempo real na ponta (real-time edge intelligence) tendo como o núcleo a computação em nuvem. Desta maneira, vislumbra-se que os clientes poderão colocar o sistema de inteligência na ponta da Nutanix baseado na aplicação de IoT da Google.
A Nutanix também anunciou que a Veeam Software passa a ser sua principal provedora de soluções de disponibilidade para ambientes virtualizados Nutanix.
Fundada em 2009, mas tendo seu primeiro produto vendido apenas em 2011, a Nutanix fez oferta pública de ações (IPO) em setembro do ano passado e registrou faturamento de USD 192 milhões para o terceiro trimestre de 2017, terminado em 30 de abril, um crescimento de 67% na comparação anual com o 3T16.
*A jornalista viajou a Washington (EUA) a convite da Nutanix
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