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Pesquisas de fluxo podem salvar a sua empresa

(*) Por Mauro Herson

Recentemente, o Valor Econômico publicou uma matéria sob o título “GE testa novo sistema de recompensas” que discorria sobre um novo modelo de avaliação de desempenho dos funcionários da empresa americana, não mais anual, mas contínuo no tempo. A GE, que na década de 70 havia revolucionado o processo de avaliação de desempenho de seus colaboradores, utilizando como métrica o cumprimento de metas anuais, novamente estaria quebrando paradigmas ao empregar uma solução que, neste caso específico, coleta informações de forma contínua, a qualquer momento, por meio de fontes de informação e dispositivos diversos (tablets, smartphones, notebooks) para compor uma nova métrica.

A gestão de pessoas pressupõe, quase que de forma obrigatória, que uma organização avalie periodicamente o alinhamento de seu quadro de colaboradores ao planejamento estratégico. O emprego de técnicas como Indicadores-Chave de Desempenho (KPI ou KSI), para avaliar os colaboradores ou a utilização de Programas de Aprimoramento Profissional (PAP) para trabalhar as competências destes, constituem sem dúvida instrumentos valiosos na gestão de um RH eficaz. Pesquisas organizacionais são ferramentas empregadas como soluções adicionais e de menor complexidade ao RH. Aferir periodicamente em uma organização o clima organizacional, ou seu grau de aderência (compliance) à ética, ou como a mesma se comunica internamente, ou avaliar a competência de seus colaboradores, são instrumentos razoavelmente simples, mas que fornecem insumos preciosos para gestão interna.

Avaliar junto ao mercado a receptividade quanto ao lançamento de um novo produto e confrontar a percepção dos seus fornecedores constituem fatores relevantes do sucesso de uma organização e são práticas usuais e necessárias à sobrevivência saudável de uma empresa.

Todas essas ações já estão presentes nas práticas de gestão das organizações, mas ocorrem de forma discreta (e não contínua) no tempo, podendo resultar em perdas significativas. Por exemplo, a demora em identificar uma tendência de insatisfação de clientes pode tornar o custo de correção, ajuste e adequação mais alto, mais demorado e mais pernicioso para a imagem da organização.

Normalmente, as organizações utilizam mecanismos de pesquisa com periodicidade anual ou – na melhor das hipóteses – semestral. A restrição quanto a uma ampliação na quantidade de avaliações por ano sempre esteve ligada a fatores como: dificuldade de participação dos envolvidos, restrição de agenda dos participantes por necessidade de interrupção de atividades, necessidade de conciliação de agenda do avaliado com seu interlocutor, custo elevado tanto da solução tecnológica quanto da alocação de pessoal. Não mais!

O estado da arte da tecnologia propicia que esses e outros obstáculos, presentes até pouco tempo, possam ser superados trazendo imenso benefício às empresas, aos seus colaboradores, clientes e fornecedores. A informação discreta, pontual, anual ou semestral, contrapõe-se a informação como uma função ao longo do tempo em um fluxo contínuo. Por meio de um smartphone, um tablet, um laptop ou mesmo de um desktop, as interações podem ocorrer de forma simples e constante.

Uma pessoa em sua casa só toma sua temperatura quando tem febre. No caso de estar hospitalizada em um quarto, a medição ocorre duas vezes por dia. Se ela se encontra em um CTI, toma-se a temperatura de hora em hora. No futuro, a leitura da temperatura será contínua com alarmes disparados quando estiver acima ou abaixo de determinados limites ou quando a aceleração aumentar. Isso é o que a tecnologia permite, uma avaliação em tempo real, com alarmes para apontar desvios e tendências em apoio à equipe de enfermagem e aos médicos.

Para que se tenha um resultado positivo, a Pesquisa em Fluxo requer que novas questões e dimensões sejam planejadas. Uma pesquisa usual requer que se definam quais perguntas devem compor seu questionário e qual deve ser o conjunto de respostas que melhor subsidie sua análise. No novo paradigma são necessários a definição (1) das amostras, (2) da periodicidade de coleta, (3) dos índices calculados a partir de um conjunto de respostas que representem indicadores de clima (o equivalente à temperatura do paciente) e (4) dos alarmes e procedimentos relacionados.

No mundo contemporâneo onde a concorrência, a inovação e a disponibilidade tecnológica são elementos constitutivos e representativos de uma nova realidade, o “painel de controle” dos “pilotos” que conduzem as organizações tem, obrigatoriamente, que espelhar informações recentes e subsidiar por alarmes os condutores para que superem da melhor forma possível os obstáculos que estarão presentes na sua rota. Nesse sentido, a Pesquisa em Fluxo não se trata de mero luxo ou modismo, mas algo essencial a ser empregado com os devidos critérios que possibilitem gerar, no tempo propício, subsídios fundamentais para as organizações.

Mauro Herson é sócio-fundador da RSI Redes (www.rsiredes.com.br).

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