Os benefícios para o Brasil com o Satélite Geoestacionário Brasileiro de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que ganhou os céus da Guiana Francesa nesta semana, vão além de ampliar o acesso à banda larga e garantir a segurança das comunicações militares. Por trás do histórico lançamento desse gigante de mais de cinco toneladas, cinco metros de altura e 37 metros de envergadura, há iniciativas que abrem a possibilidade de transferência de tecnologia para que empresas nacionais participem cada vez mais do desenvolvimento de satélites no País.
O programa do SGDC, instituído pelo Decreto n° 7.769/12, contempla um Acordo de Transferência de Tecnologia Espacial, firmado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Thales Alenia Space (TAS), empresa franco-italiana responsável pela construção do satélite em Cannes, na França. Em setembro de 2015, a Finep e a AEB lançaram uma chamada pública para capacitar empresas brasileiras no desenvolvimento de satélites no País. A Finep já liberou R$ 14,5 milhões para cinco empresas com o objetivo de custear a absorção da tecnologia comprada pela AEB junto à TAS. O investimento, realizado com recursos de subvenção econômica (sem devolução de capital), deve chegar a R$ 22,5 milhões até o fim de 2018.
Fibraforte, Orbital Engenharia, Equatorial Sistemas, Cenic e AEL Sistemas foram selecionadas para absorver tecnologia nos seguintes subsistemas de satélite: subsistema propulsão monopropelente para pequenos satélites ( Fibraforte); subsistema de potência e geradores solares para satélites (Orbital Engenharia); transferência de tecnologia em controle térmico para satélites (Equatorial Sistemas); desenvolvimento de estruturas mecânicas para cargas úteis de observação da Terra a base de fibra de carbono (Cenic); e transferência de tecnologias espaciais em FPGA e ASIC (AEL Sistemas).
O SGDC, que contou com financiamento de R$ 240 milhões da Finep, é fruto de uma parceria entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Ministério da Defesa. De acordo com o presidente da Finep, Marcos Cintra, esta é uma iniciativa de alcance estratégico para o País. “Além de conquistar sua soberania nas telecomunicações via satélite, o Brasil vai acumular conhecimento em um setor sensível da tecnologia”, destaca Cintra.
Além do Acordo de Transferência de Tecnologia Espacial, outra iniciativa integrou o projeto do SGDC: o Programa de Absorção de Tecnologia da AEB, coordenado pela integradora do satélite, a empresa Visiona (joint-venture entre a Embraer e a Telebras). Cerca de 40 brasileiros do Inpe, AEB, Visiona, Telebras e Forças Armadas acompanharam e participaram do processo de construção do satélite na França. “Esses foram os maiores ganhos em termos de tecnologia para o Brasil. Com os dois programas, começamos a ter condições de ingressar em uma cadeia de fornecimento para satélites geoestacionários”, afirma Eduardo Bonini, presidente da Visiona.
Segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o SGDC terá uso civil e militar e exigiu R$ 2,784 bilhões em investimentos. A vida útil do satélite é de 18 anos. Além de ampliar a capacidade de telecomunicações e a cobertura de serviços de internet banda larga no Brasil, com foco em áreas de difícil acesso, ele fornecerá um meio seguro para transferência de informações civis e militares que envolvam a segurança nacional.
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