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Transformação passa por XaaS

Reportagem de capa da edição de maio traz o modelo Tudo como Serviço, que muda a forma como as empresas olham para seus investimentos em tecnologia e para a velocidade com que podem testar, errar ou mudar de estratégia. Sua consolidação parece inevitável com o impulso que ganha com as novas diretrizes e perspectivas do 'novo normal'
Transformação passa por XaaS

serviços gerenciados de TIO Tudo como Serviço ou, do inglês, Everything-as-a-Service – XaaS, com o X sendo a variável que aceita qualquer letra como adendo ao conceito de serviços, se consolidou e está em seu momento mais frutífero, para não dizer popular. Impulsionado pela Computação em Nuvem e seus modelos possíveis, a ideia do Tudo como Serviço – TcS, ganhou eficiência, flexibilidade e menor custo para trabalhar com as demandas dos clientes, que podem ser até sazonais. O Gartner aponta, por exemplo, que 80% das soluções adotadas usarão os modelos como serviço até 2023. Um cenário que ganha ainda mais impulso com o advento da pandemia da Covid-19.

O modelo Tudo como Serviço consegue acompanhar e atender ao ritmo dessa demanda e se ajustar conforme ela é alterada. É importante salientar que o padrão tradicional, o chamado on premise, que tem o software instalado em um data center do cliente, ainda é amplamente adotado e guarda todo o legado. “Empresas que usam este modelo, já experimentam ou adotam a forma ‘as a service’, tirando proveito das capacidades da Computação em Nuvem e trabalhando no que chamamos de Nuvens híbridas”, aponta Guilherme Novaes, diretor de Cloud Híbrida da IBM. Não por acaso, a tecnologia de Cloud tornou o conceito de TcS, uma ferramenta estratégica para os seus usuários.

É uma nova mentalidade, um catalizador da ideia de Transformação Digital

Para outros executivos, o TcS é até mesmo uma nova mentalidade de negócios, um catalizador da ideia de Transformação Digital. “É um modelo ainda novo, diferente da ‘impressão como serviço’, que já está consolidada e madura. E o modelo Tudo como Serviço deve ter a mesma evolução do mercado de impressão. Ou seja, no futuro, grande parte das empresas o adotarão”,aposta Richard Carnelossi, diretor de serviços da Sonda.

O cenário de investimentos – e gastos em TI, nunca mais será o mesmo, principalmente com relação à infraestrutura. As decisões tinham impacto de longo prazo e oneravam tanto o Capex, como a depreciação. “Quando se analisa do ponto de vista do Tudo como Serviço, todos os gastos passam a competir por despesa operacional. “Hoje, nas empresas, há disputa para conseguir prioridade nos gastos, isso leva à sofisticação no cálculo de benefícios, impacto no negócio e retorno de investimento, prática que chamamos de Value Engineering ou Value Advisory”, conta Júnior Freitas, chefe de Engenharia de Valor da Indústria da SAP.

Ofertas na mesa
Em busca de redução nos custos e de uma melhor eficiência operacional, as ofertas se diversificam. E cada competidor tenta mostrar seu diferencial. A Microcity fala da operação com serviços em toda a infraestrutura de TI, desde soluções para usuários finais, como computadores e notebooks, até o backoffice, passando por redes e servidores.

A empresa brasileira que terceiriza ativos e serviços para infraestrutura de TI, aponta como vantagem competitiva, a maturidade. “São mais de 35 anos trabalhando a tecnologia como serviço e, nesse mercado, possuir tanto tempo de expertise é um grande diferencial”, argumenta Tiago Miranda, diretor Comercial e de Marketing da Microcity. Ele ressalta, ainda, a capacidade de encapsular as ofertas de infraestrutura, o relacionamento com fabricantes como Dell, Microsoft, Lenovo e HP, a especialização e a proximidade com os clientes no pós-venda.

80% das soluções adotadas usarão os modelos como serviço até 2023

Gigante com forte associação a serviços, a IBM se vale de suas 400 soluções as a service e se apoia na receita de Cloud Computing, que cresceu nos últimos anos, chegando a US$ 20 bilhões em 2019. “O portfólio SaaS é abrangente e podemos citar a utilização cada vez mais forte de IBM Watson, a plataforma de Inteligência Artificial da companhia, nas nossas soluções”, completa Novaes.

Ele destaca as soluções de segurança e privacidade de dados, reforçando a tendência mundial. Afinal, as recentes leis de proteção de dados e notícias relacionadas à privacidade do consumidor, aumentaram a conscientização regulatória e pública sobre o tema, sem esquecer do cenário atual, da pandemia de Covid-19, no qual os serviços se tornam ainda mais relevantes.

A abordagem da IBM é ajudar os líderes das organizações em força de trabalho; clientes e parceiros; finanças e operações, e a comunidade local – grupos constituintes locais, investidores, governos e partes interessadas impactadas direta e indiretamente. O diretor conta que a primeira multizone region (MZR) de IBM Cloud na América Latina ficará no Brasil. Com isso, a a empresa investirá em novos data centers de Nuvem, que permitirão a localização de todo seu portfólio de serviços de SaaS, PaaS e IaaS em território nacional.

A estrutura de ofertas da IBM foi reconfigurada de acordo com as necessidades imediatas dos clientes e se concentra na agilidade e eficiência, utilizando Computação em Nuvem, Experiência do Cliente com Watson, Continuidade de TI e de Negócios, Segurança cibernética, Supply Chain, suporte ao trabalho remoto e, por fim, saúde e sociedade.

Mais ofertas
A SAP aponta que atua no mercado de aplicações de negócio e cobre todas as etapas da cadeia de valor, desde gestão de pessoas, gestão de gastos, relacionamento e experiência do cliente e, Supply Chain, Core Digital (ERP) e toda plataforma tecnológica para suportar as aplicações.

Já a Sonda aposta na oferta do Workplace as a Service como diferencial, que é uma versão ampla do Digital Workplace. “Estamos falando de uma camada essencial de serviços, gerenciamento, disponibilidade e atualização. A nossa oferta é escalável e consultiva, partindo de uma simples locação de dispositivo de TI, até a melhoria de fluxos de trabalho, com camada de Analytics e Inteligência Artificial para deixar a empresa mais eficiente”, assegura Carnelossi, da Sonda, que aponta, ainda, o diferencial de desenhar a solução de acordo com especificidades do cliente.

Também apostando na customização, a GFT garante que essa filosofia faz parte de sua atividade-fim. “Especialmente para o setor financeiro, utilizamos a tecnologia combinada com o poder da Nuvem para auxiliar nossos clientes na construção de soluções disruptivas para seus negócios, sendo que algumas dessas soluções se encaixam no modelo Tudo-como-Serviço”, explica Carlos Mattos, diretor de Tecnologia e Arquitetura da GFT.

Dois relatórios da IDC de 2019 mostram que até 2022 as organizações gastarão mais em aplicativos SaaS verticais, excluindo aplicativos de produtividade de desktops e funcionários internos, do que os aplicativos projetados horizontalmente 

Simplicidade e objetividade
Ainda na perspectiva de acompanhar o modelo de negócios dos clientes, a Veeam, desenvolvedora de software de gerenciamento de cópia de segurança, recuperação de desastre e virtualização para ambientes VMware e Hyper-V, aposta em ofertas que não são – ou nunca foram, de acordo com a empresa, baseadas em volumetria de dados. “Entendo que este modelo de negócios penaliza o cliente uma vez que os dados crescem de forma exponencial. Nossas ofertas acompanham o modelo de negócio do cliente. Na Licença Universal da Veeam – VUL, o cliente, de forma transparente, passa a proteger seu ambiente migrado sem qualquer custo adicional ou procedimento operacional”, argumenta Elder Jascolka, country manager da Veeam.

No modelo da companhia, a conversão ou migração de ambientes mira na simplificação e objetividade. Com apenas dois cliques, o cliente leva o servidor do ambiente on premisse para a Nuvem. “Nossas ofertas contemplam cargas de trabalho de servidores virtuais, servidores físicos, computadores pessoais, Office 365 e Nuvens públicas, como AWS e Azure”, enumera o executivo. Ao todo, Jascolka contabiliza, a empresa possui hoje algo como 375 mil clientes em todo o mundo.

Já a Vertiv quer se diferenciar com seu time composto hoje por 130 profissionais dedicados, mas que está em expansão. Do total, 85% deles estão em campo e outros 15% na parte administrativa. Sua base de oferta de serviços é o seu Centro de Relacionamento com Cliente & Monitoração – CRC&M, que funciona no regime de 7x24x365 dentro das instalações da empresa no Brasil.

De acordo com Francisco Sales, diretor de Serviços da Vertiv Brasil, a missão do CRC&M é garantir a continuidade da infraestrutura dos clientes, mesmo que remota, com monitoramento 24 horas. Para adicionar velocidade a esse atendimento, a empresa conta com unidades espalhadas pelo Brasil, com times técnicos e estoque de peças. “Tudo o que é necessário para entregar serviços de alto nível”, completa Sales.

O papel dos parceiros
Dentro desse jogo, o canal de venda e distribuição, também tem seu espaço. Mas precisa acompanhar a cartilha dos fornecedores de serviços.

Os parceiros da SAP precisam seguir a linha de transformação para Cloud Computing e desenvolver o mesmo padrão de entrega e serviço aos clientes da companhia. “Nos preocupamos muito em desenvolver o ecossistema para que seja capaz de oferecer serviços a todos clientes, independentemente do segmento em que atua ou da região onde está instalado”, aponta Freitas.

Como estratégia, a SAP recomenda aos seus parceiros o investimento em treinamento e capacitação de seus profissionais. Para impulsionar essa premissa, a empresa abriu diversos recursos de aprendizagem, sem custos e por 90 dias, nos quais os canais podem qualificar seus times em tecnologias específicas. Passada a crise, o cliente final provavelmente exigirá uma continuidade de prestação de serviços online dos canais, por isso, investimento em reciclagem é importante. “Uma equipe fortalecida e com um portfólio de serviços de qualidade será fundamental para quando a economia voltar a crescer. Os mais preparados vão aparecer e se sobressair”, completa Carolina Bastos, vice-presidente de Ecossistemas e Canais da SAP.

O momento exige adaptação, até mesmo uma reinvenção, para atender ao modelo de TcS, algo que independe, mas que ficou evidenciado com os reflexos da pandemia. No entanto, parceiros com perfil de desenvolvedor de aplicações, que já nasceram utilizando massivamente serviços em Nuvem, tendem a estar mais preparados frente àqueles que atuaram durante anos no modelo de venda tradicional de infraestrutura, software e serviços.

O ecossistema da IBM, de acordo com o seu executivo, vem crescendo e a cada dia surgem novas empresas interessadas em trabalhar com o modelo da companhia, como forma de complementar o portfólio atual. Dificilmente hoje um parceiro tem exclusividade com algum fornecedor de TI, o modelo de serviços é hibrido e os clientes não querem ficar presos a um único provedor de tecnologia. “Ter flexibilidade para mudar seus serviços para outro provedor, de forma quase que automática, é o modelo que as empresas buscam, evitando o tal ‘lock-in’ de alguns provedores”, pontua Novaes, da IBM. O foco está na satisfação do cliente.

Na perspectiva da Veeam, especialização é o caminho, principalmente para os canais que trabalham focados em nichos. A qualificação, portanto, é primordial, bem como entender as necessidades dos clientes. O canal vem percebendo que o cliente tem mudado rapidamente, e que é necessário acompanhar esta evolução para se manter competitivo. “Hoje, é cada vez mais latente a necessidade de ser um provedor de solução que apoie o cliente de forma estratégica, por meio de uma visão ampla sobre o impacto do negócio do cliente e não mais sobre a perspectiva de um produto específico”, alerta Jascolka.

Visões e perspectivas
O investimento no canal, nesse sentido, deve ser em qualificação e treinamento, especialmente devido à escassez de profissionais no mercado de TI. Existem novas oportunidades emergindo, em especial no uso de Nuvem híbrida. Ou seja, a oferta de uma solução simples, flexível e robusta para o cliente ter uma visão única dos seus dados é fundamental neste processo.

Para a Microcity, o papel do canal, independentemente de seu porte, é muito mais voltado para o relacionamento com os clientes. Porém, possui parceiros especializados em setores ou tecnologias específicos que, além de fazerem a parte comercial, são pilares importantes em ofertas.

“Com a implementação da Rede 5G, soluções Edge e a descentralização dos Internet Service Providers no Brasil, os desafios neste País de dimensão continental são enormes, e somente com o apoio de nossos canais poderemos criar uma rede de atendimento eficiente e ágil”, admite Sales, da Vertiv. Ele revela que a empresa está desenvolvendo uma rede credenciada com o selo da empresa, com o intuito de prestar serviços de qualidade aos clientes em todo o País.

Dentro da perspectiva de atuar como canal e integrador de fornecedores, a Sonda ressalta o seu ecossistema de alianças, que envolve muitos fabricantes nacionais, multinacionais e empresas de software.

Na mesma ‘posição da mesa’ está a GFT, que também atua como integrador e está no início do processo de Transformação Digital. “O maior desafio não está propriamente na tecnologia, e sim no capital humano e cultural. Os parceiros tecnológicos já entenderam isso e estão concentrando parte significativa de seus investimentos nos modelos de capacitação continuada e escalada”, completa Mattos.

PaaS e SaaS aceleram

Atualmente as modalidades de Infrastructure as a Service – IaaS, e Software as a Service – SaaS, já têm alta demanda e uso, porém Plataform as a Service – PaaS e Conteiner as a Service – CaaS, vêm crescendo muito rapidamente dado que já trazem muito valor e maior flexibilidade aos negócios de uma empresa.

Já dois relatórios da IDC de 2019 mostram que até 2022 as organizações gastarão mais em aplicativos SaaS verticais, excluindo aplicativos de produtividade de desktops e funcionários internos, do que os aplicativos projetados horizontalmente. E que, até aquele ano, 75% das empresas que usam Nuvem pública também usarão uma plataforma de Nuvem privada corporativa. A maioria dessas plataformas suportará a entrega de funcionalidades PaaS e SaaS de camada superior.

Uma visão de mercado indica que o impulsionamento dos serviços vai obedecer a uma modelagem de ofertas para os negócios de determinados segmentos, ou de necessidades dos usuários corporativos. O fato é que ainda não é muito comum, apesar de ter um resultado superior e mais mensurável. O futuro, ou 2022, está logo aí.

Valores gerados

Com a pandemia e uma mais que possível recessão global, surgem também as oportunidades. Não por acaso, como lembra Mattos, da GFT, a sabedoria chinesa já definiu a palavra crise, como perigo + oportunidade. “Investimos muito nos anos anteriores para enfrentar desafios e não impactar a nossa capacidade de continuar prestando serviços aos nossos clientes. Em termos de negócios, o ‘digital first’ faz parte da vantagem competitiva da GFT”, conclui o executivo.

Paradigmas como assinatura eletrônica, robotização e automação foram quebrados

O novo cenário traz novos desafios às empresas, sejam do ponto de vista de adaptações ao modelo de negócios, ou para lidar com um possível impacto e retrocesso econômico. Entretanto, existem oportunidades para que as empresas adotem de forma mais massiva o Tudo como Serviço, buscando uma economia em seu fluxo de caixa. “A tecnologia por ser altamente estratégica como uma grande alavanca nesse momento, se inserida de forma adequada e com uma clara geração de valor, será uma aliada para habilitar a Transformação Digital e promover a inovação, seja qual for o cenário”, projeta Novaes, da IBM.

Mas, claro, existem setores mais impactados que precisam se adaptar rapidamente para manter os negócios. “Temos clientes e parceiros em setores como Telecomunicações, Mídia, Assistência médica e Ciências da vida, que estão desempenhando um papel muito importante no cenário atual, se transformando em tempo real e também, ajudando a outras empresas a enfrentar seus desafios”, conta Freitas, da SAP. De acordo com ele, muitos paradigmas já foram quebrados no momento atual, como a assinatura eletrônica de contratos, comércio eletrônico, robotização e automação de processos, tudo isso vendido como serviço. Já está sendo provado que não há fronteiras para o consumo de tecnologia como serviço.

No geral, algumas práticas que foram forçosamente adotadas, ganharão novos adeptos, até mesmo entre, outrora reticentes, gestores. Trabalho remoto, mobilidade, segurança do end-point e ferramentas de colaboração, se tornarão uma realidade. Pressionados pela relevância da flexibilidade, de preservar o caixa das empresas e de olho na adoção rápida de novos modelos de consumo de tecnologia, a adoção de Tudo como Serviço tende a ser cada vez maior.

O novo normal da TI

Ninguém pode incorporar o Nostradamus que existe em cada um de nós e dizer impunemente como será o futuro ou o ‘novo normal’ após a pandemia. No entanto, é inegável que a modalidade de Tudo como Serviço vai continuar a crescer. Mesmo que ainda seja prematuro apontar os impactos na ponta, nos clientes. Porém, a curva de adoção pode ser mais acelerada que os modelos tradicionais.

Uma coisa é certa: as empresas que passarem pela crise de saúde e econômica, provocada pela pandemia de Covid-19, superando seus enormes e incertos desafios e, ainda, conseguirem crescer ocuparão importante espaço em seus mercados. Afinal, o mercado como conhecemos hoje, incluindo concorrentes, clientes e fornecedores, seus métodos e forma de trabalho, estará mudado. “É possível afirmar que a Covid é o maior acelerador para a Transformação Digital das empresas”, conclui Carnelossi, da Sonda.

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